sábado, 24 de maio de 2014

E o resto é mar, é tudo o que eu não sei contar 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Pegar ônibus tem seu tanto de miséria e seu pouco de magia.

Ora e eu te digo porque. 
A miséria está em acordar mais cedo, a magia está no exercício de correr até o ponto. 
A miséria está em contar as moedinhas da passagem, a magia em descobrir que há dinheiro suficiente.
No ônibus, sempre tem uma grávida bem humorada, a miséria está naquela moça chata com roupas de academia, nunca mais lhe dei bom dia.
Porque pego o ônibus, chego mais cedo ao trabalho e do ponto até lá existe uma praça.
A magia está em ter tempo para me sentar na praça e ouvir minhas músicas sob um sol que dizem não me envelhecer. 
De carro, digo o carro dos outros, utopia seria eu ter um carro agora, nunca da tempo de ligar o som, imagine de sentar na praça. 
Estou sempre com pressa e quase perdendo a hora, me falaram que isso sim envelhece.
A miséria de pegar ônibus é no inverno, passar frio dentro e fora dele.
A magia está na sacola de mercado da senhora que foi correndo comprar um bife pra quando o neto chegar.
A miséria está na chuva que só caiu na minha vez de descer, mais miséria ainda foi naquele dia que o maldito quebrou a caminho da reunião. 
A magia estava no rapaz que pediu para segurar minhas coisas e então eu teria onde me apoiar, mais magia foi encontrada na criança que pedira à mãe para ligar para seu pai e dizer que o amava, até chorei, mas cuidei para que não percebessem.
A miséria está nas condições das linhas que pego, pois nem se parecem com aquela amarela ou antes eu morasse em Curitiba.
A magia está em cuidar da vida dos outros e deixar que cuidem da sua também, porque elas, todas elas, estão repletas de miséria, com sua parcela de magia. 
Veja, acabo de conseguir um lugar.

terça-feira, 13 de maio de 2014

eu não entendo, mas continuo tentando entender

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Dezedez

Fazer aniversário, tava pensando ... 
Essas datas são boas, a gente se lembra de quem nos quer bem de verdade e do quanto isso pode ser recíproco.
Não só por isso.
Quem inventou o calendário e a horas, que provavelmente não foi a mesma pessoa, ou uma pessoa só, em inglês eu diria "had a point".
Olhe só, no calendário e de acordo com ele, nenhum dia é igual a outro, ou se repete. Mesmo considerando que anos podem ser a.c. ou d.c. então teríamos dois 500 anos, por exemplo, eles carregam essa nomenclatura.
O que eu quero dizer é que mesmo que você se esforce, nenhum dia será igual ao outro, nem voltará. 
Nem mesmo em formato de memória, já que na memória há o seu ponto de vista que não é, definitivamente, igual àquele dia, é como você vê ou prefere ver as coisas. 
Todas essas reflexões são igualmente válidas para as horas. 
Ninguém pode voltar as horas e elas, quando iguais, pertencem a dias diferentes.
Fazer aniversário é saber que eu nunca mais farei dezenove anos e/ou qualquer coisa como dezesseis dezessete dezalgum número. 
Não existe dezedez.
Daqui a pouco são vinte e vinte, pra mim, é algo muito próximo de não ser mais criança. 
Eu não posso deixar de ser criança, apesar das frases motivadoras da internet me afirmarem o contrário. 
Eu estou deixando de ser criança sim. 
As coisas estão mudando sim! 
Eu não mando no calendário e toda a sua organização.
Até desregulo o relógio, mas nada com muito sucesso.  
Eu não quero parecer mórbida, então se esforce para não me interpretar assim, só que a ideia da morte, apesar de me causar fobias e instantes de desespero, é também muito fantástica.
Se sabemos que uma hora acaba e depois que acaba ninguém tem certeza do que acontece, a gente se esforça pra que não acabe tão rápido. 
E também pra que quando acabar, que acabe de um jeito bom, ou de um jeito certo, certo pra nós mesmos, ao menos.
Porque o objetivo é que alguma coisa valha a pena. 
Eu queria ter inventado o calendário ou alguma coisa importante, tipo como todo corpo tende a ficar parado se nenhuma força agir sobre ele. 
Quem não pensou nessas coisas antes dessas pessoas terem pensado primeiro? São coisas tão lógicas.
É óbvio que nenhum dia é igual a outro e óbvio que eu não vou levantar do sofá.
Mas eu só invento a mim.
Me reinvento ficando mais velha, estar mais velha tem seu lado belo.
Eu até gosto, só que me faz refletir o que de bom tenho feito por estar aqui.
Dá vontade de fazer mais coisas, e isso, já é um começo. 
É começo também estar quase vinte.

domingo, 27 de abril de 2014

Resignificar

Procurar, do dicionário informal: buscar, caçar, idear, investigar, acertar.
Acertar?
Mas eu só tenho errado.
Bem, hoje eu vim aqui contar pra vocês, vocês que na verdade eu nem sei quem são ou se são.
Mas é bom externar as coisas.
Então, vim contar que chorei tanto ontem a noite que dormi e acordei bem hoje.
Procurar, buscar.
Buscar motivos para ficar para baixo, por que ? É ilogico, regra número 1 não existem regras, PARA!
Procurar, caçar.
Caçar companhia, caça sentido nas coisas. Pare também!
Procurar, idear.
Idear a vida, disso não pare não.
Procurar, investigar.
Investigar razões para os acontecimentos que não estão sob o meu poder de decisão.
Procurar, acertar.
Acertar a música a ser ouvida e principalmente se acertar, Thaís.
Viver pode até ficar mais fácil se você não deixar your mind play tricks with you, my dear.

#100happydays I

Céu azul me faz feliz, outono seria minha estação predileta, se eu conseguisse nomear esse tipo de coisa.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Você tem alergia a benzetacil?

Meu professor da faculdade me mandou ver o que não está lá. 
Ora, não estão lá uma porção de coisas.
Tipo mais dinheiro na minha conta.
Não está lá também aquele outro professor tão excelente de história da quinta série, onde é que ele foi parar? E outros parecidos com aquele? 
Sofri abstinência até o colegial. 
Não está lá também um interesse justo nesse tipo de coisa, nessa utopia da educação.
Faz sentido que eles, os indivíduos de Smith, queiram que a gente pense como aquele professor? 
De fato, não muito.
Por ver o que não está lá, pensei também no médico que me atendeu quatro horas após ter chegado no posto de saúde da cidade, esse eu vi e vi os outros, aqueles que deveriam estar lá, no entanto, não estavam.
Não está lá aquela ânsia por um poder ridículo, mas isso eu já vi antes.
Não está lá , nas entrelinhas, um respeito devido a nós, os "sem luz", também não está lá muito o que ser feito.
Não está lá naquela lousa todas as contradições, elas existem, a gente só não quer ver por muito tempo, para não se frustrar, eu acho.
Sabe outra coisa que não estava lá, mas eu juro que vi? 
Meu ônibus, ele nunca está e nem nunca passa também, outro dia ele veio ... bem rapidinho, estava lotado, por sorte consegui entrar e não me dei ao luxo de mudar de posição dos pés.
Veja, era o eu tinha.
Há vários pressupostos, mas eu suponho, caro professor, se me tem apreço, que não me apresse.
Sou astigmatimática e perdi meus óculos. 
Ver o que está lá tem sido bem difícil, imagine o senhor, dentro dessas limitações, como farei eu pra enxergar o resto.
De qualquer maneira, agradeço o esforço.
Fique sabendo que já marquei meu oftalmo. 
Pela voz da secretária dele, eu preciso dos professores, dos médicos, dos ônibus e de mais livros, pra enxergar tanta coisa. 
Não perdi só meus óculos.
E eu na inocência achei que havia remediado tudo.
Mas tem como? Está com alguém a culpa?