sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O bom humor dos desconhecidos.

Que a vida está difícil, nós já sabemos. 
Mas que é bonita, é bonita e é bonita, tem sido preciso reforçar. 
No melhor dos mundos, eu não estaria no hospital há mais de três horas afim de resolver meus problemas. 
É senha pra ir à recepção, fila pra fazer a ficha, fila e subfila pra ser atendida, isso sem falar na maior fila de todas já enfrentada na Raposo Tavares.
Só que você há de convir comigo ... mostre-me algo melhor que te darem passagem num cruzamento e te direi quem és. Diga-me que não sorri de volta quando estranhos lhe abrem os dentes. Defenda que seu dia não fica melhor quando o vendedor é educado, ou quando o cara da biblioteca é mais simpático. 
O Prêmio Nobel hoje vai para o segurança do corredor do Pronto-Socorro, cujo trabalho é encarar doentes enfrentando todas essas filas, imagine você se ele não tem motivos de sobra para estar estressado. No entanto, não está e tudo o que fez a respeito foi levantar bem alegre e avisar aos esquentados que as senhas seriam chamadas alguma hora, se não elas, ouviríamos nosso nome, completou ainda que não deveríamos dificultar o seu trabalho, depois de pausa, alarmou ser uma brincadeira, que o gelo precisava ser quebrado - mais bom humor, por favor! 
Isso é tudo e é muito, ele, um segurança de corredor não estudou para curar ninguém, não tem culpa do nosso sistema de saúde ser tão precário, e pouco importa ele ser público ou privado, visto que essa fila, a qual espero ser a última, é no hospital do convênio que minha mãe tanto rala pra bancar. Ele é pago para fazer um controle de quem entra e sai, mas de quebra faz piada, lida bem com as pessoas, arranca risadas, principalmente, dos desdentados, entende que temos particularidades, mas que, acima de tudo, fechar a cara não vai resolver. Fechar a cara nunca pagou nossas contas, pelo contrário, só nos arrumou mais.
Aquele senhor não me tirou a "gripe", nem "desquebrou" aquele braço, mas de fila em fila, cura, no mínimo, algumas mágoas. 

O bom humor de desconhecidos devia se vender em garrafas, para casos terminais de desânimo. 

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