sexta-feira, 16 de maio de 2014

Pegar ônibus tem seu tanto de miséria e seu pouco de magia.

Ora e eu te digo porque. 
A miséria está em acordar mais cedo, a magia está no exercício de correr até o ponto. 
A miséria está em contar as moedinhas da passagem, a magia em descobrir que há dinheiro suficiente.
No ônibus, sempre tem uma grávida bem humorada, a miséria está naquela moça chata com roupas de academia, nunca mais lhe dei bom dia.
Porque pego o ônibus, chego mais cedo ao trabalho e do ponto até lá existe uma praça.
A magia está em ter tempo para me sentar na praça e ouvir minhas músicas sob um sol que dizem não me envelhecer. 
De carro, digo o carro dos outros, utopia seria eu ter um carro agora, nunca da tempo de ligar o som, imagine de sentar na praça. 
Estou sempre com pressa e quase perdendo a hora, me falaram que isso sim envelhece.
A miséria de pegar ônibus é no inverno, passar frio dentro e fora dele.
A magia está na sacola de mercado da senhora que foi correndo comprar um bife pra quando o neto chegar.
A miséria está na chuva que só caiu na minha vez de descer, mais miséria ainda foi naquele dia que o maldito quebrou a caminho da reunião. 
A magia estava no rapaz que pediu para segurar minhas coisas e então eu teria onde me apoiar, mais magia foi encontrada na criança que pedira à mãe para ligar para seu pai e dizer que o amava, até chorei, mas cuidei para que não percebessem.
A miséria está nas condições das linhas que pego, pois nem se parecem com aquela amarela ou antes eu morasse em Curitiba.
A magia está em cuidar da vida dos outros e deixar que cuidem da sua também, porque elas, todas elas, estão repletas de miséria, com sua parcela de magia. 
Veja, acabo de conseguir um lugar.

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