sábado, 8 de fevereiro de 2014

A base da cadeia alimentar

O garoto negro, é sempre bom constatar que ele é negro, que mocinho é negro? Porque ele poderia ser branco, mas é negro, como o resto da minha família, negra. Cresceu numa viela, o primo mais velho já havia se envolvido com drogas, os vizinhos muito provavelmente. Não é como se a gente generalizasse as coisas, é apenas porque as condições dali são mais favoráveis, ou mais acusáveis e julgáveis, a adolescência é sempre o alvo de envolvimento com drogas, o caso é que o mundo anda drogado, sem distinção etária. Além disso, a maior parte, se não toda a parte, dos "maconheiros" que conheço vem de bairro nobre e de condomínios fechados. Só que hoje vamos falar da periferia, é ela que importa, toda coisa ruim do mundo sai de lá. Não ousaria dizer o contrário. Então ele que ainda estava ali, na periferia sendo periférico e negro, sendo pobre e involuntariamente vendo o mundo, o mundo como é, viu que aos 16 não deveria fumar maconha, mas engolí-la. Deveria ler cartazes dizendo NÃO à violência. Dizer não à violência me parece  um tanto fácil para quem está acostumado em recêbe-lo. E diante ao cartaz devia apanhar de quem não o criou, nem lhe deu algum exemplo, inclusive, bons exemplos ele teve. Os bons exemplos estavam em casa, os maus eram pagos justamente com o suor dos bons, os filhos dos bons apanhavam dos maus. Onde é que está o equilíbrio? Não é como se eu estivesse pedindo uma ação ultra direitos humanos, apenas não estou concordando com essa ação nada direitos humanos. Não é um caso de juventude perdida, nem polícia perdida, nem de esperança perdida, é uma caso de índole e nesse mundo de meu Deus, são 7 bi e em meio a 7 bi de habitantes vamos encontrar de tudo, de todo tipo, da corrupção à honestidade, carnívoros e vegetarianos, heterossexuais e homossexuais, brancos e coloridos, ricos e pobres, usuários ou não de drogas, jovens e idosos, homens e mulheres. Estamos todos dividindo o mesmo espaço. Um aglomerado de gente sempre será um aglomerado de gente. Foi assim em junho do ano passado e nos rolezinhos deste. Algumas coisas a gente aceita, outras a gente finge, o que não dá é pra fechar os olhos e dizer que está tudo bem em forçar um adolescente a engolir maconha e o assistir ser espancado. Esse é um preço, e um dos mais baixos, a ser pago por estar na base da cadeia alimentar. Já entendemos a diversidade das coisas, estou precisando de ajuda para entender isso. Esse processo ilógico, a mesma polícia que aceita dinheiro pra que a boca continue em normal funcionamento é a aquela que humilha a juventude pobre e quase sempre negra por ceder às tentações mundanas ? 

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