sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Não há receita.

Não é como se houvesse uma receita do tipo: 
Ingredientes:
Uma xícara de família 
Duas colheres de sopa de álcool
Uma pitada de dinheiro
500g de amor 
600g de saúde 
Duas fatias de férias 
Modo de preparo: 
Em primeiro lugar a família, em seguida 500g de amor e bata no liqüidificador. Depois de homogêneo acrescente a saúde, as férias e o dinheiro. Caso não dê o ponto, adicione um pouco de álcool como medida paliativa. 
Despeje tudo numa travessa e deixe na geladeira até, sei lá, acabar.
Não funciona assim e alguns diriam "ainda bem", porque sou péssima na cozinha. Dos clichês desse mundo, eis um dos mais sensatos: se fosse assim, não teria graça. 
Não teria mesmo! 
Essa falta de exatidão é que nos faz viver, viver de verdade! 
Como eu vivi naquela noite em que a boate estava fechada, então a passamos na rua, na porta de um clube também fechado dançando músicas que eu nem gostava tanto assim e vivi por ter entrado na faculdade que não estava no topo da minha lista. Por mais atrevido que seja dizer, vivi na ausência do meu pai e na presença inestimável de minha mãe. 
Eu vivi até hoje quando precisava de uma vaga pra parar o carro, errei a entrada e fiz o trajeto de trânsito lentíssimo DUAS VEZES.
Eu vivi naquele dia que o dinheiro da passagem acabou e voltamos do pedágio a pé e na chuva, já que desgraça pouca é bobagem. Inclusive esta é uma de minhas melhores memórias.
Não estou pedindo que a vida tivesse sido diferente comigo, embora eu por vezes quisesse, quisesse de verdade, não estou pedindo. 
Acordei me achando um tanto sortuda. 
Não só por não precisar seguir alguma receita que certamente daria errado e me frustar mais tarde. As frustrações serão e foram outras.
Acredito que também não devemos pensar que se alguém está pior, daí sim temos motivos pra sorrir, não precisamos estar melhores que ninguém além de nós mesmos.
 Compare-se a você.
Sejamos nós os melhores em alguma coisa, principalmente porque queremos, ou não queremos a droga da tal felicidade? 
Estou no hospital esperando minha avó voltar, estacionei super longe, não faço ideia do que fazer pra levá-la medicada até lá, mas eu dou um jeito. 
As pessoas do elevador daqui sorriem mais que as do shopping.
Sei que pedi para não compararmos mais nada e blablablá. 
O caso é que soou irônico, não? 
Mas vamos falar de ironias e contradições outro dia.

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