sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Os meus pés.

Dos meus pés eu gosto.
Sabe, às vezes eu penso.
Eu penso mesmo, às vezes.

Dos meus pés eu gosto.
Da cicatriz do balanço de madeira que vendia na rodovia.
Do tempo que meu pai era vivo, que ele fumava enquanto me via crescer.

Dos meus pés eu gosto.
Das minhas unhas irregulares, sempre com o mesmo esmalte.
Da renda para a francesinha, da francesinha para a renda.

Dos meus pés eu gosto.
De saber para onde me levaram e, principalmente, para onde é que vão me levar.
Porque dos meus pés eu gosto.

Eu gosto dos meus pés.
Eu gosto de pés.
Da liberdade dos pés.

Da invenção do chinelo.
Os meus pés.
A minha história.
Sufocada no tênis masculino que comprei no mês passado.

São os meus pés e onde eu fui.
Estão os meus pés, ora para o teto, ora para chão.
Porque são meus pés.
Os pés são meus.

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